sexta-feira, 13 de maio de 2011

Assombrado pela ausência de tudo, era trágico e malfadado ao sofrer, seu destino. Assustador e frio. Sua alma perdida suscitava o ódio e invocava a ruína por onde quer que fosse. Sem forma precisa ou definida, parecia querer amoldar-se a tudo, porém sem jamais encontrar outra alma igual [ou ao menos parecida]. Seus próprios pensamentos semeavam confusão e dúvida na mente e nos sentidos. O vento soprava contra si e o sol cegava seus olhos. Por fim, cansada, desejava que morresse o mundo! Que subisse o inferno e queimasse por inteiro esse lugar, junto com as pessoas falsas e indiferentes. Já chegava de estar e permanecer ali, onde predomina esse ar que ela não respira - um ar que sufoca, como se fosse fumaça, gás... 



Ela era sua própria inimiga. Assim foi desde sempre. Armava para si as maiores ciladas e metia-se em grandes confusões. No espetáculo de sua vida, a cortina vermelha permanecia fechada a atrasar a grande [e sempre adiada] estréia. A platéia paralisada já não vaiava mais. Aos poucos os assentos iam ficando vazios e ninguém no palco aparecia. Todos já estavam mais que frustrados e ela sabia disso. Fã dos bastidores, levava uma vida de contra regra em sua própria peça. Esquecera que deveria ser ela a principal estrela. Por fim, e por sua própria causa, a vida que levava era como um filme ruim projetado num cinema de sexta categoria. As pessoas vaiam, gritam insultos, jogam pipoca na tela e aos poucos abandonam a sala e mais uma vez ela fica só, a fazer suas confusões em copos d’água, maremotos em colheres de chá. A vagar pelos corredores de se seu camarote, que tal qual a razão, é como um labirinto por onde se perde com facilidade. A única coisa na qual ainda acredita era que um dia haveria de pisar nos tapetes vermelhos da vida...

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